Que fatores levam ao questionamento da vacinação?

Ao longo da história encontramos diversos episódios nos quais houve questionamento por parte de diferentes setores da população sobre as vacinas, sua administração, eficácia e obrigatoriedade. Estes questionamentos estão fortemente relacionados a aspectos dos contextos sociopolíticos da época e têm diversas origens: o desconhecimento dos processos de produção do conhecimento científico, crenças políticas e religiosas, além divulgação intencional de informações falsas, entre outros.

Um exemplo emblemático de reação a campanhas de vacinação ocorreu no Brasil em 1904 e ficou conhecida como a “Revolta da Vacina”. Neste episódio, a obrigatoriedade da vacinação foi associada pela população a um conjunto de ações arbitrárias e violentas por parte do Estado, que implementou, à época, uma reforma urbana do centro da cidade do Rio de Janeiro, que resultou no deslocamento forçado de populações para regiões nas quais não havia condições sanitárias e habitacionais adequadas.

Outro exemplo diz respeito aos questionamentos feitos acerca da pertinência da administração da vacina contra o HPV a meninas de 9 a 14 anos e a meninos de 11 a 14 anos, gratuitamente, pelo Sistema Único de Saúde, nas escolas, em 2014. Neste caso, os questionamentos foram pautados em dúvidas acerca da segurança da vacina, mas também fundamentados por um pensamento conservador baseado na suposição de que a vacinação poderia contribuir para a iniciação precoce de adolescentes à vida sexual. O desconhecimento da doença também suscitou questionamentos a respeito da necessidade de também vacinar os meninos.

No contexto da pandemia da Covid-19 em 2020, percebemos uma onda de questionamentos sobre a segurança das vacinas, que se alimenta de notícias falsas e que, por duvidar da eficácia da vacinação, colocaram em risco a segurança da população. Tais questionamentos desconsideram os benefícios proporcionados pelas vacinas à saúde da população e podem levar à persistência de casos de doenças para as quais já existe prevenção, gerando também um aumento nos gastos da saúde pública e dificuldades na assistência.

Links para aprofundamento conceitual e sugestões para elaboração de atividades didáticas

  • Como atividade presencial, indicamos o debate e a organização de encenação teatral do episódio da “Revolta da Vacina”, a partir do roteiro inicial: seleção das falas e personagens, elaboração do esquete, escolha do figurino básico e ambientação do espaço. Para a atividade remota, os personagens da peça gravarão pequenos vídeos que serão editados e reunidos em uma apresentação virtual sobre o tema.